Após quase 80 anos de liderança inabalável, os Estados Unidos perderam para a China, em abril (2.009), o título de principal parceiro comercial do Brasil, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento. Depois de se tornar o maior comprador de produtos brasileiros em março, conforme O GLOBO mostrou na ocasião, o país asiático agora domina a corrente de comércio, ou seja, a soma dos negócios - exportações e importações. O comércio com os chineses alcançou US$3,232 bilhões no mês passado, enquanto as transações com os americanos ficaram em US$2,817 bilhões.
A China é o quarto país a alcançar o status de parceiro preferencial. Portugal exerceu essa hegemonia por mais de 300 anos, desde o Descobrimento até 1808, quando a Inglaterra assumiu a liderança com a abertura dos portos às nações amigas, na esteira da chegada da Família Real ao Brasil.
Superávit comercial do país totalizou US$3,7 bilhões
Mais de cem anos depois, em meados da década de 30, foi a vez de os EUA se estabelecerem como principal fonte do comércio internacional brasileiro. Agora, o gigante asiático chegou ao topo do ranking. Os americanos, no entanto, continuam sendo os maiores fornecedores de mercadorias para o Brasil.
A liderança da China na soma do comércio se deve ao crescimento de 41,3% nas exportações para o país, que somaram US$2,231 bilhões em abril, enquanto as vendas para os EUA aumentaram 16,1% no mesmo período, para US$1,340 bilhão.
Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, a crise financeira acelerou o movimento de mudança nas relações comerciais brasileiras, com o aumento da relevância de países asiáticos, africanos e do Oriente Médio. Parceiros tradicionais, como União Europeia e EUA, foram mais fortemente abatidos pelas turbulências:
- Além da China, a Ásia também se tornou o maior destino dos produtos brasileiros. É uma mudança histórica, pois a região será o novo centro dinâmico da economia mundial.
Mas o secretário fez um alerta. Enquanto a China inunda o mercado brasileiro com eletroeletrônicos, o Brasil embarca principalmente produtos naturais, como soja e minério de ferro.
- Ao mesmo tempo, (a mudança) é uma fonte de preocupações, pois queremos não só aumentar exportações como diversificar e agregar valor a essas mercadorias exportadas.
A preocupação do governo é justificada pelos números globais da balança comercial. Os produtos básicos já representam 45,4% das exportações brasileiras. Em abril do ano passado, respondiam por 32,8%.
O superávit comercial brasileiro totalizou US$3,7 bilhões em abril, resultado de exportações de US$12,3 bilhões e importações de US$8,6 bilhões. Segundo Barral, o resultado foi muito bom e mostra a tendência de recuperação das exportações. No ano, o saldo acumula US$6,722 bilhões, 49,4% superior ao de igual período de 2008.
https://www.ba.gov.br/infraestrutura/noticia/2024-03/6435/china-passa-estados-unidos-como-principal-parceiro-comercial-do-brasil
O Globo - 05/05/2009